Neste regresso à prática presencial, em comunhão e em grupo, vamos explorar a intimidade com a natureza, entregando o corpo à intensidade dos sentidos e à possibilidade de metamorfose universal. Sermos inspirados pela arte da natureza – na relação de sensibilidade que nos toca e apazigua as turbulências do corpo e espírito.
Programa de Chi Kung com Margarida Bettencourt
10.00 às 13.00 – prática com caminhada e mergulho no bosque
treino de quietude – posturas Zhan Zhuang – estar de pé como uma árvore
partituras e exercícios de percepção no habitar do corpo e do espaço
caminhar – ato de relação e intuição
13.00 às 14.30 – Almoço florido e colorido
Limonada de frutos vermelhos -creme de beterraba com amor perfeito – rolinhos de courgete com húmus de tempeh e tâmaras em cama de polenta cremosa – salada floral – cheese cake de morango
Práticas de Cuidado e Utopia – os Braços em Chi Kung
com Margarida Bettencourt – via Zoom
17 de Abril – 10.00 às 12.00
A quietude e lentidão nas formas e posturas de Chi Kung revelam de forma particular as tensões e bloqueios na estrutura superior do corpo – por outro lado oferecem a oportunidade de transformação e libertação. Nesta sessão de aprofundamento vamos desvendar e apurar essas possibilidades com exercícios que incorporam a respiração, a relação com a gravidade – explorando a percepção e compreensão das várias dimensões do mapeamento deste território do corpo.
Esta experiência de duas horas concede a oportunidade de libertação do esforço e tensão no pescoço, ombros e braços – reconhecendo e afirmando os trajectos do centro do corpo para as extremidades superiores – do coração para as mãos.
Programa
apresentação sobre os trajectos mio-fasciais dos braços, co-relação com os meridianos energéticos e tendino-musculares; breve introdução à anatomia neuro-vascular do pescoço e tórax na relação com os braços.
exercícios de libertação neuro-vascular.
treino de Zhan Zhuang Chi Kung – alinhamento e posturas.
a gravação da sessão será enviada aos participantes.
Tudo no vivo é simplesmente articulação da respiração: da percepção à digestão, do pensamento ao gozo, da palavra à locomoção. Emanuele Coccia – A Vida das Plantas
Práticas de Cuidado e Utopia – 4ª edição – via Zoom
com Margarida Bettencourt
Tendo como referência o enunciado de que a respiração está no fundo de todas as nossas experiências, o programa é dedicado a uma imersão neste movimento primordial – sondar, apreciar, decifrar, intuir – respirar para saborear o mundo.
O programa pretende explorar e integrar a experiência mais racional e analítica do lado esquerdo do cérebro, com o lado direito que tem a faculdade de contemplar a dimensão profunda e misteriosa da realidade, do corpo e da vida.
Exercícios de respiração, percepção e consciência do aparelho respiratório, relação da respiração com o sistema neuro-vascular – uma prática de dedicação profunda incorporando de uma forma experiencial a anatomia e funcionalidade do aparelho respiratório – explorando a forma de habitar o corpo e ser no mundo.
O treino nas posturas arquetípicas Zhan Zhuang – interrogar o corpo, a sua forma, a sua consistência dentro do sopro – numa imersão vibrante em que deixa de existir oposição entre movimento e imobilidade.
Sessão de duas horas – 20 de Março de 2021 – 10.00 às 12.00
5 sessões de 30 min – 22 a 26 de Março – 8.00
O programa consiste numa sessão de imersão profunda de duas horas – e cinco sessões matinais breves. As sessões matinais serão gravadas e disponibilizadas aos participantes que não tenham disponibilidade no horário indicado.
O intuito é potenciar a criação de um treino regular autónomo através da prática de integração e exploração durante a semana seguinte.
Há tempos assisti a uma entrevista com a campeã do mundo de mergulho profundo na modalidade de lastro constante. Falando sobre a experiência do mergulho profundo, referiu-se à capacidade de rendição à pressão como crucial para o sucesso de um mergulho – à medida que o corpo desce, e aumenta progressivamente a pressão a que é sujeito, a rendição à pressão consiste em relaxar o corpo, numa entrega à força da água – reduzir a resistência, sustentar a integridade da estrutura, mantendo o foco e a direcção, tranquilamente.
A descrição do extraordinário mergulho de Alenka Artnik é impressionante. Numa manhã de Novembro de 2020, ao largo da costa egípcia, nas águas mornas do Mar Vermelho, vestida com um fato de mergulho fino de cor roxa, de monobarbatana, e um peso de kilo e meio à volta do pescoço, inspira e mergulha, sem máscara, seguindo um cabo que desce à profundidade de 114m.
Ela mantém-se presente e calma. De pulmões cheios de ar, desce no profundo azul, impulsionada pelo batimento das pernas.
Em descidas de água profunda, a pressão barometrica aumenta a cada 10m – aos 20m de profundidade os pulmões de Alenka são comprimidos para um terço da sua capacidade – nesta altura desloca para a boca o ar necessário para equalizar os pulmões. Na eventualidade de os lábios deixarem escapar ar, o risco e o perigo tornam o mergulho inviável.
Aos 70 metros Alenka fecha os olhos, pára os batimentos de pernas e é sugada para baixo pelo ímpeto de sucção – rende-se à queda livre – suspende o pensamento e o movimento – o pensamento requer oxigénio. Na descida progressiva nota o aumento de pressão – como um abraço do oceano.
Quando o relógio de mergulho assinala 109 metros, a cinco metros do objectivo, o mergulho já dura há quase dois minutos. Abre os olhos quando chega ao fim do cabo, recolhe uma marca de controle, vira-se e inicia a ascensão. Para regressar à luz e ao ar, tem agora que nadar contra o peso da água, o que se assemelha a nadar contra a corrente.
A próxima inspiração está a quase dois minutos de distância.
A subida é a parte mais perigosa de qualquer mergulho profundo porque o nível de oxigénio dos mergulhadores está muito baixo, colocando-os em risco de desmaio. Mergulhadores de segurança acompanham os atletas, treinados na observação de sinais de hipoxia, para em caso de perigo os agarrarem e conduzirem à superfície.
Alenka mantém os batimentos de pernas equilibrados e harmoniosos, assomando tranquilamente à superfície depois de um mergulho de três minutos e 41 segundos.
Segura o cabo, inspira rápida e repetidamente para promover a re-oxigenação. Cumpre todos os protocolos de superfície necessários para o juíz. Alenka remove a mola do nariz, apresenta a sua marca de controle, e diz as palavras ansiadas, suave mas claramente, “estou bem.”
A descrição do mergulho é uma adaptação e tradução livre da reportagem de Adam Skolnick – NYT
Uma hora depois de nascer o bebé humano começa a imitar os gestos dos adultos que o rodeiam, e demonstra claramente regozijo com as respostas que obtém; reconhecemos assim uma relação íntima entre as acções do corpo dos outros e os nossos estados internos. A neurociência contemporânea diz-nos que o movimento do corpo é um dos processos mais importantes na aprendizagem sobre nós próprios e na descoberta do mundo que nos rodeia. Os movimentos do corpo criam as nossas ideias e sentimentos – gestos não são apenas reflexos do pensamento, ajudam a formar o pensamento.
Este programa propõe a devoção ao corpo – no movimento de profundo reparar.
Modalidades
Com o intuito de ter uma oferta mais flexível e versátil de possibilidades de prática permitidas por este formato online, serão disponibilizadas as seguintes modalidades, todas via Zoom:
Aulas regulares nos dias e horários que já estavam estabelecidos – detalhes do programa abaixo
2ª feira – 9.00 às 10.15 – 18 Movimentos de Tai Chi – Shibashi
3ª feira – 19.00 às 20.15 – Treino da Quietude – Zhan Zhuang
5ª feira – 19.00 às 20.15 – Passos em Chi Kung – a Dança da Saúde
Valor – 5€ por aula / 40€ livre trânsito mensal
Acesso às gravações das aulas regulares – as aulas regulares serão gravadas e disponibilizadas a quem pretende frequentar o programa – não podendo estar presente por incompatibilidade de horários.
Valor – 5€ por aula / 40€ livre trânsito mensal
Sessões de Aprofundamento e Investigação – duas horas de prática, um sábado por mês, com tema a anunciar.
Próxima data 16 de Janeiro – 10.00 às 12.00
Valor – 20€ por sessão de duas horas
Sessões Individuais de Tutoria – sessões de prática com duração de 50 min., acompanhamento individualizado, marcação em horário a combinar.
18 Movimentos – Shibashi – 2ª feira – 9.00 às 10.15
Shibashi, também conhecido por Tai Chi Chi Kung em 18 movimentos é um sistema de exercícios com movimentos fluídos e contínuos. É um sistema bastante recente, criado em 1982 , e que se tornou uma disciplina obrigatória dos cursos de Medicina Tradicional Chinesa. Atribui-se a estes movimentos efeitos tonificantes e relaxantes consideráveis, que potenciam o fluir harmonioso da energia dos meridianos. Os exercícios introduzem elementos básicos de transições de peso, coordenação de braços e pernas, e integração da respiração com o movimento. Os movimentos são suaves e fluídos, com estiramentos moderados combinados com respiração coordenada, encorajando a libertação de tensões profundas nos tecidos dos sistemas musculares e neuro-vasculares.
Treino da Quietude – 3ª feira – 18.45 às 20.00
Com muito pouco movimento exterior, Zhan Zhuang é das formas mais potentes da disciplina de Chi Kung. Trata-se de um sistema singular que trabalha o funcionamento do corpo humano através de uma série de posturas cuidadosamente escolhidas ao longo de uma tradição milenar.
A prática sugere o desenvolvimento de grande força interna, como a que se desenvolve numa árvore magnífica. Estes exercícios podem ser praticados por qualquer um, sendo irrelevante a idade ou estado de saúde. Os movimentos e posturas são simples e a forma como afectam cada um depende das necessidades e capacidades individuais.
Interiormente alerta, aberto, calmo.
Exteriormente vertical, expansivo, de espírito pleno.
Este é a fundamento da quietude.
Juntar o duro e o suave, o poderoso e o folgado,
Movimento e quietude, contração e expansão:
No momento de convergência, existe poder.
Wang Xiang Zhai
Passos em Chi Kung e Dança da Saúde – 5ª feira – 18.45 às 20.00
Quando caminhamos movemo-nos de um lugar para outro usando as pernas. É um processo de mudança – e os processos de mudança podem ser dramáticos e desafiantes – expõem-nos à vulnerabilidade e à inquietação. Todas as grandes tradições de pensamento e reflexão investigam os processos de mudança e como lidamos com eles. Numa prática profunda de corpo, a disciplina do treino dos passos integra conceitos contraditórios – a quietude e o movimento – criando um treino na demanda de um equilíbrio flexível e dinâmico. A Dança da Saúde integra e explora estas noções dando espaço a uma forma mais espontânea e livre de habitar o corpo e a prática.
Em grego a palavra psyche significa ‘alma’, e tem a mesma raiz de psychein que significa ‘respirar’; a palavra grega pneuma, que significa ‘espírito’, também é a palavra usada para ‘vento’. Neste dia de maravilhoso alinhamento do Cosmos vamos apreciar e admirar o impulso da inspiração – um treino de devoção – em que o coração é o órgão amoroso de repetição.
Programa
O Coração e o Diafragma na respiração
Pousar a mente – espaço interno – espaço externo – uma pulsação
Do coração às mãos
A vibração dos Cinco Elementos – exploração de posturas Zhan Zhuang
Inscrição
theplacetopause@gmail.com
É necessária a inscrição para obter dados de acesso à sessão Zoom
Práticas de Cuidado e Utopia – 3ª edição Os Animais em Chi Kung como Metodologias de Transformação Sábado 12 de Dezembro das 10.00 às 12.00 via Zoom
Na terceira edição deste programa vamos continuar o mergulho na investigação e exploração destas formas como possibilidades de metodologias de transformação – para a criação de uma sensibilidade corporizada, viva e compassiva.
Em filosofia utiliza-se o termo performatividade ( em inglês – performativity ): a forma como falamos afecta comportamentos, que por sua vez dão origem a teorias e modos de pensar. Proponho desenvolver esta performatividade na forma como nos movemos e habitamos o corpo. Podemos assim cumprir profecias de uma auto-realização através do corpo, do pensamento e do espírito.
Compreendemos melhor o mundo quando trememos com ele, porque o mundo treme em todas as direcções. Edouard Glissant
Programa:
ciclos de geração e moderação nos Cinco elementos
a inspiração, a expiração, o movimento do ar no corpo
. a repetição e a atenção como processo de transcendência
Os Animais em Chi Kung como Metodologias de Transformação
Sábado 14 de Novembro das 10.00 às 12.00 via Zoom
Sympoiesis é uma palavra simples de origem grega que quer dizer ‘fazer com’. É uma palavra adequada para descrever qualquer tipo de sistemas complexos, dinâmicos, sensíveis, localizados e…com uma história.
No desenvolvimento da minha prática, que é muitas vezes solitária, tenho me confrontado com o desafio de descobrir e criar formas de relação que nutrem e alimentam a curiosidade que sustentam o treino e o trabalho de corpo.
Nas artes marciais há uma sensibilidade e sensualidade comparável que faz parte do treino mas que, muitas vezes fica restrita a interacções que só podem ser concebidas como competitivas ou cooperativas. Parece-me que a riqueza e o potencial da intimidade do encontro com o corpo abre possibilidades “rendilhadas” que se revelam no fazer e desfazer de nós, e na evolução e involução de padrões absolutamente extraordinários. Assim nunca estamos sozinhos, e esta noção de sympoiesis pode traduzir-se numa expansão de percepção, poros abertos, cabelos e pelos eriçados, uma escuta apurada e sensibilidade atenta que expande a prática e a mantém viva, curiosa e entrançada com tudo que nos rodeia.
Nesta manhã com duas horas de prática profunda, vamos voltar a mergulhar no universo do sistema dos Cinco Animais ao encontro da experiência desta sensual curiosidade celular como motor vital da existência.
Programa:
– a manifestação dos Cinco Elementos nos Cinco Animais – o ciclo de moderação Terra – Água – Fogo
– o diafragma e o pericárdio no enraizamento do coração
– libertação do pescoço e dos braços através do sistema neuro-vascular
Os Animais em Chi Kung como Metodologias de Transformação
Sábado 17 Outubro das 10.00 às 12.00 via Zoom
O Corpo não é algo em que só reflectimos de vez em quando. Fazemos o corpo, adquirimos o nosso próprio corpo – e esse é um processo de mutação e transformação, um projecto aberto, cheio de possibilidades.
Vivemos um tempo em que a vulnerabilidade do corpo está a ser dramaticamente exposta e revelada. No entanto, a atitude radical pode ser o aceitar dessa vulnerabilidade, ser objetor de consciência e recusar a atitude marcial. Através de uma prática criativa desenvolver a habilidade de sentir a totalidade das coisas como parte de cada um de nós – ser responsável de uma forma vital e apaixonada.
Em Chi Kung, como em muitas práticas tradicionais de corpo, a Natureza e os animais são inspiração para muitos dos movimentos e formas exploradas. Proponho a investigação e exploração destas formas, como possibilidades para uma metodologia de transformação – uma sensibilidade corporizada, viva e compassiva.
Programa:
– introdução ao Sistema Wudang dos Cinco Animais
– tecnologias de reconfiguração, percepção e sobrevivência